A criação de uma loja virtual demanda planejamento e conhecimento de aspectos variados. Ao mesmo tempo em que abre a possibilidade de boas vendas e crescimento rápido para um negócio, sabemos que a maioria dos e-commerces encerra suas atividades em menos de um ano. Então, o que é preciso fazer para criar uma loja virtual bem-sucedida?
Pesquisas de instituições como Sebrae e Wirecard revelaram que o índice de fechamento de lojas virtuais é de 60% no primeiro ano, e chega a atingir 80% em um ano e meio de funcionamento. Por isso, se preparar para essa jornada é importante.
Para falar sobre o assunto, conversamos com Pedro Borotto. Motivado pela experiência como proprietário da Lupe World, loja virtual de produtos personalizados, ele fundou há um ano a Escola Karden, uma plataforma de educação voltada ao desenvolvimento de e-commerces, que já conta com mais de 220 alunos.
Com a proposta de oferecer um manual completo para quem tem interesse em criar um e-commerce, Borotto vem se tornando uma referência no mercado. Além da Karden, abastece suas mídias sociais com conteúdo sobre o tema e soma mais de 7.000 seguidores no Instagram e 2.500 inscritos em seu canal no Youtube – em alguns vídeos, como os que comparam plataformas disponíveis para lojas virtuais, por exemplo, teve mais de 30 mil visualizações.
O cenário atual do e-commerce
Segundo ele, o período mais crítico da pandemia trouxe grande movimento para o e-commerce, mas a realidade atual exige muito mais comprometimento dos empreendedores.
“No auge da pandemia, a única opção era vender online. Os anúncios ficaram mais baratos e as iniciativas davam certo, mesmo de quem não tinha experiência. Agora, o cenário é outro. Acho que é normal, o mercado vai subindo a régua. O negócio precisa ser 360°, com um bom produto, um e-mail marketing forte por trás. As pessoas menosprezam o posicionamento da marca”, opina.
Pedro Borotto cita o que considera o maior equívoco cometido por quem acaba de entrar no e-commerce. “O principal erro é não ir atrás do conhecimento antes de abrir o negócio. Isso envolve tudo: o produto, posicionamento, branding, presença no Instagram. Se tudo estiver alinhado, você consegue converter”, diz.
Precificação no e-commerce
O fundador da Karden destaca que o preço não pode ser encarado como o único diferencial. “Quando pergunto para os alunos, quase todos acreditam nisso, que o bom é vender barato. A precificação tem que ser com base no modelo de negócio. Se você acertar o posicionamento, já estará à frente de 99% dos concorrentes”.
Borotto enxerga muitas oportunidades no varejo virtual nacional. “O e-commerce brasileiro está evoluindo, temos uma logística barata, mas ainda é pequeno comparado aos Estados Unidos e à China. Tem muito a crescer para quem é bom, quem está de olho nas novidades. Existe muito mercado, mas como as coisas mudam rápido, é mais desafiador, é preciso se atualizar. O consumidor está mais atento, então tem que ser profissional, usar o Instagram como vitrine. Por que não participar de feiras, fazer parcerias com lojas de shopping?”, questiona.
Para ele, a inovação deve estar no centro de toda estratégia. “Quanto mais inovação, mais rápido o negócio cresce. E a inovação pode ser apostar em um nicho, ou simplesmente fazer melhor do que seus concorrentes”.
De olho nas finanças da loja virtual
Mas por onde começar o planejamento de uma loja virtual? Para Borotto, um ponto-chave é se planejar financeiramente, além de conhecer a experiência de outros players.
“A área de vendas é a primeira para investir. É preciso entender as ferramentas, não pode terceirizar tudo. O Instagram é uma ótima vitrine. Se não tem dinheiro para tráfego pago, tem que ser no braço. Dê uma atenção à prospecção, invista em blog, Youtube, influenciadores. Parcerias com marketplaces são outra opção para quem está começando. E olhar para os grandes da sua área, não os gigantes. Veja o que eles fazem, o que postam, o que anunciam, qual o posicionamento das marcas”.
A Escola Karden e os desafios de empreendedor
A jornada de Pedro Borotto com a Escola Karden é um bom exemplo das dificuldades com as quais os empreendedores se deparam.
“Hoje, nossa expectativa é de crescimento de 70% ao mês e nos tornarmos a maior referência de educação em lojas virtuais, mas até o 8º mês de funcionamento tivemos prejuízo. A partir do 9º, depois de fazer ajustes e dobrarmos o investimento, conseguimos atingir o break even (ponto de equilíbrio). Mas há casos em que isso demora muito mais”, afirma.
Para ele, todo empreendedor precisa mergulhar a fundo e confiar em sua ideia. “Tem que acreditar que vai dar certo, aprender com os erros e não terceirizar a culpa. É preciso avaliar: o que você está deixando de fazer do seu checklist? E agir como uma loja de referência desde o começo”, disse o especialista, que considera o aprimoramento do e-commerce uma necessidade permanente.
“A loja virtual nunca vai estar pronta. A minha já tem quatro anos, mas vejo que sempre tenho o que aprender para melhorar”, afirma Pedro Borotto.